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se entrega sem resistencia á morte, para confirmar a verdade de sua missao: accusar portanto Jesus Christo de impostura he uma blasfemia absurda. Nenhum fanatico, nenhum impostor se pareceo jamais com Jesus Christo: além de que ninguem ha, que crêa n'um Deos, e em sua providencia, e se persuada, que Deos se tenha servido de um velhaco insensato para estabelecer a mais santa Religião, que ha sobre a terra, e a mais capaz de fazer a felicidade do genero humano. Um homem finalmente dó-minado por paixões viciosas, jamais podia mostrar um desejo tão ardente de santificar os homens, e de estabelecer sobre a terra o reino da virtude. Se Jesus Christo he Deos-homem, tudo está de accôrdo em sua conducta, e se não he Deos, tudo he um cahos incomprehensivel.

Comparemos agora Jesus Christo com os outros fundadores de religioens, que incomparavel differença! A maior parte destes homens celebres confirmaram o Polytheismo, e a idolatria, que acharam geralmente estabelecidas; este procedimento basta por si só para caracterisa-los de fanatismo, ou de impostura. Parece que alguns conseguiram amaciar os costumes dos povos, mas não diminuiram sua corrupçao. Muitos foram conquistadores, que inspiravam o temor, ou Soberanos respeitados; empregaram a força, a autoridade, e a seducção para se fazerem obedecer

Jesus Christo não emprega outros meios de persuasaō mais que suas virtudes, sua sabedoria, e seos milagres. Confucio pôde, sem prodigio, reunir os preceitos de moral dos sabios, seos predecessores, e conseguir grande nome no meio de um povo ainda ignorante e barbaro ; mas não corrigio a religião dos Chinas, ja infeccionada de Polytheismo pelo culto que elles davam aos espiritos, e aos antepassados: sua doutrina não impedio, que se introduzisse na China a idolatria do Deos Fo, e fosse a religião do povo. Os Philosofos Indios, ainda que divididos em diversos systemas, se reuniram para submergir o povo na idolatria mais grosseira, estabeleceram uma desigualdade odiosa, e um odio irreconciliavel entre as differentes condições dos homens. Os pertendidos sabios do Egypto permittiram crear neste paiz um culto, e superstiçoens taes, que tornaram ridicula esta nagaō aos olhos de todas as outras. (*) Zoroas

(*) Luciano no seo tratado dos sacrificies, depois de mencionar os diversos Deoses dos Egypcios, e suas formas extravagantes, conclue dizendo - Sendo estas cousas assim, e acreditando-as o vulgo, como verdadeiras, e sérias, parecc-me não precisarem tanto de um homein, que reprehenda, e corrija, quanto de um Heraclito, ou Democrito; dos quaes este ria sua demencia, aquelle chore sua necedade. Lucian. dos sacrific. t. 3. pag. 95.

tro, para reformar a idolatria dos Chaldeos, e dos Persas, lhe substituio um systema absurdo, multiplicou até o infinito as praticas minuciosas, estabeleceo o culto do Sol, inundou de sangue a Persia, e as Indias, para arraigar o que elle chamava - arvore da sua lei. Tanto os Philozofos, como os Legisladores Gregos, jamais se atreveram a tocar nas fabulas, e superstigoens antigas neste paiz, consagraram com seo exemplo todos os erros populares relativos ao culto e se occuparam mais de suas disputas, que da reforma dos erros, e correcção dos costumes.

Mahomet, homem voluptuoso e perfido, lizongeou as paixoens dos Arabes, para conseguir a reunião da autoridade religiosa, e do poder politico em sua tribu. Toda a sabedoria destes homens celebres consistio na destreza de fazer servir a seos designios ambiciosos os prejuisos, os erros, os vicios dominantes de seo paiz, e de seo seculo. A maior parte somente subju. garam nagoens ignorantes, e barbaras. Jesus Christo fundou o Christianismo no meio da Filosofia dos Gregos, e da civilisagao Romana : jamais poupou o vicio, nem fomentou crros; despresou as riquezas, e recusou as dignidades.

Jesus Christo portanto não foi um fanatico, nem um impostor, foi verdadeiro Filho de Deos, sua doutrina he verdadeira, e a Religiaō Christan por elle fundada, he a unica verdadeira Religião,

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Concluiremos este capitulo com o magnifice testemunho do celebre Rousseau, acerca da divindade de Jesus Christo, e do seo Evangelho. "Eu vos confesso, diz elle, que a magestade das Escripturas me assombra, e que falla ao meo coraçao a santidade do Evangelho. Véde os livros dos Philosofos com toda a sua pom,, pa e quão pequenos á vista deste! He crivel, ,, que seja obra dos homens, um livro tão sim,, ples, e tão sublime ao mesmo tempo? He ,, crivel, que seja puramente homem aquelle, de ,, quem se escreve a historia? He este o ,, tom de um Enthusiasta, ou de um sectario ambicioso? Que dogura, e que pureza nos seos costumes! Que graça tocante nas suas instruccoens! Que elevação nas suas maxi,, mas! Que profunda sabedoria nos seos dis,, cursos Que presença de espirito, que destreza, e exactidão nas suas respostas! Que ,, imperio sobre as suas paixoens! Onde está o ,, homem, onde está o sabio, que sabe obrar, soffrer, e morrer sem fraqueza, e sem OStentaçao? Quando descreve Platão o seo justo ,, imaginario, cuberto de todo o opprobrio do crime, e digno de todos os premios da virtude, pinta a Jesus Christo feigaō por feição : a semelhança dá tanto nos olhos, que todos ,, os Padres a perceberam, e não he possivel ,, haver engano. Que prejuiso, e cegueira não

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he necessaria para comparar o filho de Sofronisco, com o filho de Maria? Que distancia de um a outro? Socrates morrendo sem dôr, ,, e sem ignominia sustenta facilmente até o fim ,, o papel de Heróe; e se esta morte facil não tivesse honrado a sua vida, duvidar-se-hia, ,, se Socrates, com todo o seo espirito, era outra alguma cousa, do que um Sofista: inventou a moral antes delle, outros a tinham posto em pratica; não fez mais que dizer o ,, que os outros tinham feito, e reduzir á ligões ,, os seos exemplos. Aristides tinha sido justo, antes que Socrates dissesse o que era justi,, ga. Leonidas tinha morrido em defeza do seo paiz, antes que Socrates, fizesse um dever do amor da patria. Esparta era sobria, antes de Socrates ter louvado a sobriedade; antes ., que elle tivesse definido a virtude, abundava ,, a Grecia em homens virtuosos. Mas entre os ,,seos, onde acharia Jesus esta moral elevada, ,, e pura, de que elle só deo ligoens, e exemplo? do seio do mais furioso fanatismo, se fez ouvir a mais alta sabedoria; e a simplicidade das mais heroicas virtudes honrou o mais vil de todos os povos. A morte de So,, crates, philosofando com seos amigos tranquillamente, he a mais doce, que se póde ,, apetecer; a de Jesus, expirando em tormen,, tos, injuriado, motejado, e amaldiçoado por

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