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Capitulo 2., igualmente nos ensina, que o ho mem he composto de substancias realmente distinctas, alma, e corpo, que, a alma he espiritual, livre, e immortal; que o homem virtuoso será eternamente premiado, e o criminoso eternamente castigado, doutrina, que já fica demonstrada no primeiro capitulo: pelo que toca á Moral, a Religião Christan ensina, que devemos amar a Deos sobre tudo, que o signal deste amor he a observancia dos seos preceitos; manda-nos honrar e glorificar a Deos, confiar nelle, temê-lo com temor filial, adora-lo e invoca-lo, não só com acções externas, mas tambem com os sentimentos, e devoçao interna, em espirito, e verdade: presereve-nos o amor racionavel de nós mesmos, fonte de todos os officios para com nosco, e o diligente cuidado para conseguir a felicidade eterna: a respeito dos outros homens manda, que os amemos, como a nós mesmos, que não adulteremos, não damnifiquemos nossos proximos na vida, fazenda, ou honra, e prohibe a concupiscencia desordenada, e a vingança toda esta moral he evidentemente conforme aos dictames da recta razão.

Mas além desta doutrina a Religiao Christan contém uma doutrina mysteriosa, e que não póde ser demonstrada por principios de razaō, a qual reduziremos aos seguintes artigos: 1.° • peccado de Adão, que maculou toda a sua des

cendencia; 2. a promessa do Messias, que, immolando-se, devia expiar aquelle crime; 3. a divindade do Messias; 4. este Messias ou Jezus Christo, um da indivisivel Trindade; 5. a ❤ justificação do genero humano pelo sangue de Jesus Christo: 6.° os instrumentos desta justificaçao, e graça, ou os sacramentos,

Uma breve analyse bastará a convencer-ncs de que nada ha nesta doutrina mysteriosa, que contradiga claramente a razaō.

(can.

A doutrina da Religiao Christan ácerca do peccado original, como claramente explica o Concilio Tridentino (sess. 5. can. 5.), consiste, 1. em que Adão por seo peccado, perdeo a Santidade, e a Justiça, incorreo na ira de Deos, na morte, e no cativeiro do demonio; 2. 2.) que Adao transmittio a todos os seos descendentes, não somente a morte, e os soffrimentos do corpo, mas o peccado, que he a morte da alma: 3. (can. 3.) que este peccado proprio, e pessoal a todos, nao póde ser perdoado, senaō pelos merecimentos de Jesus Christo: 4. (can. 6.) que a mancha deste peccado he lavada completamente pelo baptismo. Daqui concluem os Theologos, que os effeitos, e pena do peccado original saō, 1. a privaçao da graça sanctificante, e do direito á felicidade eterna, duas vantagens, de que Adão gosava no estado da innocencia; 2. a desordem da concupiscen

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cia, ou a inclinaçao ao mal; 3. a sujeição aos soffrimentos, e á morte: destes tres males estava Adão isento antes do peccado, e só o baptismo node dar-lhes remedio. O dogma Catholico não vai mais longe.

Se nao he contrario á recta razao, que Deos pozesse uma lei ou preceito ao primeiro Patriar cha do genero humano, e que a sanccionasse: se esta lei, e esta sancção nao se demostram indiguas da sabedoria, e justiça, e bondade di vina; se na transmissão desta culpa, e pena nada ha, que claramente se opponha aos attributos de Deos, he evidente, que neste mysterio nada ha, que claramente contradiga a recta razão, ou que o peccado de Adão, e suas consequencias encerram um verdadeiro mysterio (39).

O homem foi creado livre, capaz de obediencia, e a devia a seo Creador. Era justo, que Deos exigisse delle um testemunho de submissao em reconhecimento da vida, e dos ou tros beneficios, que lhe tinha concedido, e conseguintemente o preceito imposto a Adão, em nada se oppõe a justiça, bondade, e sabedoria do Creador. Pelo que toca á sancçao, Deos diz a Adão "come de todos os fructos do paraizo : (*)

á

(*) Ex omni ligno Faradysi comede. De lfgne autem scientiæ boni et mali ne comedas: in quo

nao comas porém do fructo da arvore da sciencia do bem, e do mal, pois em qualquer dia, que

cumque enim die comederis ex eo, morte morieris Gen. c. 2. v. 16 17 18 19.

Multiplicabo aerumnas tuas, et conceptus tuos, in dolore paries filios, et sub viri potestate eris, et ipse dominabitur tui.

Quia audisti vocem uxoris tuæ, et comedisti de ligno, ex quo præceperam tibi ne comederes, maledicta terra in opere tuo: in laboribus comedes ex ea cunctis diebus vitæ tuæ. Spinas, et tribulos germinabit tibi, et comedes herbam terræ In sudore vultus tui vesceris pane, donec revertaris in terram, &c.

"Solummodo hoc inveni, quod fecerit Deus hominem rectum, et ipse se infinitis miscuerit quæstionibus.

Et induite novum hominem, qui secundum Deum creatus est in justitia, et sanctitate veritatis. Quoniam Deum creavit hominem inexterminabilem, et ad imaginem similitudinis suæ fecit illum. Propterea sicut per unum homínem peccatum in hunc mundum intravit, et per peccatum mors, et ita in omnes homines mors pertransiit, in quo omnes peccaverunt.

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.

Deus creavit de terra hominem . . . Creavit ex ipso adjutorium simile sibi consilium, et linguam, et oculos, et aures, et cor dedit illis excogitandi et disciplina intellectus replevit illos. Creavit illis scientiam spiritus, sensu implevit cor illorum, et mala, et bona ostendit illis.

comeres do seo fructo, morrerás.,, Eis-aqui

preceito, e a sancção: depois que Adão, e Eva transgrediram este preceito, Deos disse a Eva "eu farei teos partos difficultosos, parirás com dôres, serás sujeita a teo marido, e elle será

teo senhor,, e a Adão " porque attendeste á

voz de tua mulher, é comeste do fructo, que eu te tinha prohibido, será amaldiçoada a terra na tua obra e comerás em toda a tua vida o fructo, que ella produzir á força do teo trabalho para ti produzirá espinhos, e abrolhos; comerás o paō com o suor do teo rosto, até que voltes á terra, de que foste formado: pois és pó, e em pó te has-de converter.,,

Deve aqui notar-se primeiramente, que ignoramos em que estado se achavam Adão e Eva, no momento de sua creação, qual era sua felicidade em quanto perseveraram na innocencia, e qual teria sido o seo destino, e de seos filhos, se nem uns, nem outros tivessem peccado. A Escriptura somente nos diz, que Deos creou o homem recto, e na justiça (Eccli. c. 7. v. 30 ) (Ephes. c. 4. v. 24), e por consequencia não somente isento do vicio, mas tambem dotado da' graça santificante, que o fazia agradavel a Deos: tambem nos diz, que o creou immortal neste sentido, que podia isentar-se da morte não peccando, nao havendo entrado a morte no mundo, senão pelo ciume do Demonio, (Sap. c. 2. v. 23).

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