seo testemunho tinha confirmado a verdade delles. O mesmo Hierocles, 'famoso advogado da idolatria, e inimigo accêso do nome Christaō, e os Philosofos já mencionados confessam directa, ou indirectamente os milagres de Jesus Christo, que narram os 4 Evangelhos. Jozepho, Historiador Judeo, que escreveo a historia da guerra dos Judeos, e as antiguidades Judaicas em Roma, para onde se retirou depois de ser testemunha do sitio, e ruina de Jeruzalém, sua patria, no anno 70, e 38 depois da assensão de Jesus Christo ao Ceo, confirma a verdade dos factos Evangelicos: no 1. 18. c. 7 das Antiguidades Judaicas testefica as virtudes de S. João Baptista, e sua morte ordenada por Herodes: no 1. 20. cap. S. conta, que o Pontifice Anano 2. fizera condemnar a Thiago irmão; isto he, parente de Jesus, chamado Christo, e alguns outros, a ser apedrejados, e que esta acçao desagradou a todas as pessoas de bem de Jerusalém no 1. 18. c. 4. falla assim de Jesus Christo: "Neste tempo appareceo Jesus, ho,, mem sabio, se he que se deve chamar homem; ,, porque fez uma infinidade de prodigios, e ensinou a verdade a todos aquelles, que qui,, zeram ouvi-lo. Teve muitos discipulos, assim Judeos, como Gentios, que abraçaram sua doutrina. Elle era o Christo. Tendo sido crucificado por sentenga de Pilatos, em virtude da accusação feita pelas pessoas principacs de. nossa naçao, todos os que se lhe tinham unido» desde o principio lhe permanecêram ficis. Appareceo-lhes vivo tres dias depois de sua morte, conforme a predicçao, que os Profetas ha-: viam feito de sua ressurreiçao, e de muitas, ,, outras cousas, que lhe diziam respeito; e ainda hoje aseita dos Christãos subsiste, e tem seo nome.. 99 Ainda, dado o caso, que esta passagem de. Josepho fosse uma interpolagao, todavia o si-. lencio de Josepho ácerca dos factos Evangelicos,. ser-nos-hia tao vantajoso, conio este seo teste-, munho, para confirmação dos mesmos; porque: este autor não podia ignorar o que os Christãos publicavam relativo a Jesus Christo, seos milagres, sua ressurreição, nem a accusagaó, que, formavam contra os Judeos por haverem feitomorrer o Messias. Se Josephio tivesse tomado a peito a honra de sua nagaō, deveria ter feito siną. apologia, e se os factos afirmados pelos Christios no eram verdadeiros, deveria ter demonstrado sua falsidade. O silencio portanto de Josephio em: tal caso equivale a uma confissão formal. Po-rém graves penas tem provado, que este lugar de Josepho, nao foi interpolado;, esta questão foi tratada com a maior exactidao pelo sabio escriptor Inglez Daubuz, e os eruditos não ad-mittem hoje a menor duvida sobre a autentici dade desta passagem do Historiador Hebreo, que tanto incommoda, e agasta os incredulos. He logo evidente, que a historia Evange lica merece o maior credito, que póde ter uma historia entre os homens. Esta evidencia arrancou da boca do celebre inimigo da Revelagaō, Joao Jacques Rousseau, um testemunho consideravel sobre a veracidade dos nossos Evangelhos. "Diremos (insta elle na Emilia t. 3. p. 63) que. ,, a historia do Evangelho foi feita a dêdo? Assim não he, que se inventa; e os factos de Socrates, de que ninguem duvída, são menos attestados, ,, que os factos de Jesus Christo. No fundo he fazer recuar a difficuldade sem a destruir; e seria mais incomprehensivel, que muitos homens concordes tivessem fabricado este livro, do haver dado um só toda a materia delle.. que Os Autores Judeos nunca poderiam descobrir este tom, nem esta moral; e o Evangelho tem ,, caracteres de verdade tão grandes, e taò viziveis, e tao perfeitamente inimitaveis, que ,, o inventor faria mais espanto, que o heróe. §. III. A historia Evangelica não foi jamais adulterada até hoje. 44. Os livros Evangelicos ou foram adulterados pelos Judeos, ou pelos Christãos, ne tempo dos Apostolos, ou nas éras subsequentes. Porém os Judeos nao os adulteraram: porque os Evangelhos não só contém milagres, que lhes sao indecorosos, mas até muitas invectivas contra a naçao Judaica, e contra os Mestres e Doutores da lei: ora se os Judeos adulterassem estes livros, por certo tirariam delles tudo, o que lhes fosse desairoso, ou contrario: naō o tiraram logo nao os adulteraram. Além de que os Christãos reclamariam immediatamente, e os Judeos só corromperiam os exemplares, que tivessem em seo poder, e não os innumeraveis, que possuía e guardava respeitosamente toda a Christandade. Nem os Pagãos adulteraram estes sagrados livros: pois que motivo podiam ter? Destruindo os livros Evangelicos toda a sua theologia, e moral, e aniquilando toda a sua religiaō, haviam de procurar antes supprimi-los, que corrompe-los em um, ou outro lugar, o que de nada lhes servia: mas taes, quaes elles existem hoje, confundem, e destroem perfeitamente toda a sombra do Paganismo: além de que ha a respeito dos Pagãos as mesmas difficuldades, que já ficam ponderadas a respeito dos Judeos. Tambem não podiam ser adulterados pelos Christãos; porque ou haviam de conloiar-se todos para isto, ou poucos, ou um só seria o Corruptor. Era impossivel, que tantos homens de differentes genios, e interesses, e dispersos em fantas, e taó remotas regioens, concordassem todos em adulterar de qualquer maneira estes li-, vros; e no caso, que isso fosse havia de constar a época, e os primeiros autores, &c., e se fossem os Catholicos Romanos, reclamariam, as seitas hereticas, e se estes fossem os corruptores, reclamaria a Igreja Romana, como fez, quando Valentim, e Marciao os quizeram adulterar, ao mesmo tempo, que nem os maiores inimigos da Religião criminaram jamais a Igreja Romana de corruptora dos livros santos. Um ou poucos Christãos não podiam adulterar os Evangelhos, porque apenas estes foram escriptos por seos autores, logo foram espalhados por toda a parte, e traduzidos em varias: lingoas eram explicados pelos Pastores na prezença de todo o povo, andavau nas mãos de: todos, e os respeitavam tanto, que nos primeiros tempos não se atreviam a toca-los sem ter: lavado as mios. Não só a vigilancia dos Apos-tolos na propagação da Religião, e no governo das Igrejas, que visitavam de continuo, premu-, nindo os discipulos do Evangelho contra as cavillagoens de seos inimigos, obstava á corrupção, dos Evangelhos em vida de seos, autores, mas tambem a veneração dos Fieis para com es Apostolos, e seos escriptos. Aos Apostolos seguiramse os Padres da Igreja, e os textos dos Evan- |