trahe do vicio Bayle se exprime quasi da mesma sorte. Pensées sur la Comete, §. 108 e 131.

c. He portanto um attentado da parte dos incredulos ousar atacar os principios da Religião., Do retrato dos incredulos, que acabamos de transcrever de Mr. Bergier, se vé que elles nem sao homens instruidos, nem de boa fe, nem sustentaö caracter em suas opinioens, nem saō felices, nem bons cidadačs, nem homens de bem, e até náo sao desculpaveis. Se remontamos, (diz um d'entre elles - Essai sur. les Prejugés, e. S. p 181 Sc.),, á fonte da pertendida Phi,, łożophia destes máos raciocinadores, naó os ;, acharemos animados de um amor sincero pc

la verdade; nao os veremos tocados dos ma,, les sem numero, que a superstigao tem fei,, to á especie humana, mas sim mortificados ,, pelas travas, com que a religião pêa suas de;; sordens. Assim he sua preversidade natural, ,, que os faz inimigos da religião; não a renun,, ciao, senio quando ella he racionavel; aborrecem mais a virtude, que o erro, e o absurdo. A superstição lhes desagrada, não por ,, sua falsidade, nao por suas tristes consequen,, cias, mas pelos obstaculos, que ella oppoem ,, a suas paixoens, pelas ameaças, de que se serve para os atemorizar, pelos fantasmas, que emprega para os forçar a ser virtuosos..... Mortacs arrebatados pela torrente de suas

paixoens, de scos habitos criminosos, da dis ,, sipaçaó, dos prazères, estao por ventura em estado de buscar a verdade, de meditar a ,, natureza humana, de descobrir o systema dos ,, costumes, de cavar os fundamentos da vida social? Poderá gloriar-se a Philosophia de ,, ter por adherentes em uma naçaõ dissoluta ,, um tropel de libertinos dissipados, e sem costumes, que desprezaö só por ouvir dizer uma religião lugubre, e falsa sem conhecer os de,, veres, que lhe devem substituir? Poderá li,, songear se com a homenagem interesseira, où ;; applauso estupido de uma multidaō de dis

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solutos, ladroens publicos, desregrados, e vo,, luptuosos, que do esquecimento do seo Deos, ,, e do desprezo, que tem para com o seo culto concluem que nada devem a si mesmos, ,, nem á sociedade, e se julgaō sabios, porque tremendo muitas veses, e com remorsos calcão chimeras, que os obrigavao a respeitar a decencia, e os costumes?,,

Vejao-se pois neste espelho aquelles, que até se ufanaō de mio crer, e serao venturōzos se chegarem a conhecer quam sem razão cobrem com a razão sua incredulidade. A Philosophia cultivadla superficialmente faz impios, profundada faz Christãos. A fé de um Christao não he, parabassim dizer, uma fe cega e bruta, mas uma fe racionavel, não só porque a razao nos

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dicta que demos crer a Deos, que nao pode enganar-se, nem enganar-nos, mas porque o facto da revelagaō he levado a um gráo de evidencia moral, que equivale á certeza metaphisica produzida por uma demonstraçao: e esta certeza naō he só para o Christao Sabio: um catholico ignorante, como já mostrámes (), tem da mesma sorte motivos de fé racionaveis, solidos, e a seo alcance. Para que a fé de um catholico seja realmente fundada na cadea dos factos, e dos motivos, que acabamos de expor, não he necessario que esteja em estado de os por em ordem, e analysa-los. Um ignorante pode dar tanto a razão de sua fé humana, como de sua fé divina, mas nem por isso se segue que sua fé humana não seja certa e racionavel. Um Protestante mui sensato disse a este respeito: De

ve se tomar necessariamente um de dous partidos, ou recusar aos simplices toda a segu,, ranga racionavel das verdades, que crem, todo o discernimento do que he certo daquillo, que o no he, ou reconhecer consigo, que ,, muitas veses o espirito está solidamente convencido por um montao de razoens, que lhe he impossivel desemaranhar, nem arranjar de ,, uma maneira distincta, para demonstrar aos ,, outros sua propria persuasao. Estes principios, ,, que ferem ás vezes vivamente, ainda que con,, fusamente, o espirito, estabelecem uma cren

,, ça solida naquelles mesmos, que por não poder analysalos, quando lhes dizem; provainos isso, de que estucs tao persuadidos, se reduzem ao silencio.,, Boulier Traité de la certitude morale, c. §. n. 20. tom 1. P. 271.

FIM.

BAHIA.

TYP. DA AURORA DA BAHIA DE M. A. DA S. SERVÁ,

Quina opposta á do Aljube n. 6.

1840.