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com a sorte dos povos, que seguem falsas re ligioens, para demonstrar quanto a religião influe nas leis, costumes, usos, governo, e fe licidade das nagoens: em vao se tem esforçado os Deistas para disfarçar a estupidez, bruteza, desordens, oppressao, e aviltamento dos Chinas, Indios, Parsis, Turcos, e Selvagens; provas positivas, a que elles nao tem podido replicar, demostram toda a sua impostura. O indifferentismo religioso não he outra cousa mais que um Pyrrhonismo orgulhoso se os Deistas podessem estabelecer pela violencia sua indifferença em materia de religiaò seriam os mais intolerantes de todos os homens, os Atheos mesmos lhes tem lançado em rosto esta contradic çao. Nenhum incredulo o quer ser só para sí todos querem ensinar, e propagar suas opiniões, e inspira-las aos outros: basta ler seos escri ptos, ou conversar com elles para se conhecer sua excessiva intolerancia: querem que os deixem livremente ser Deistas, Atheos, Materialistas, Pyrrhonicos, embora estraguem o povo, tirando lhe a religião e a moral; mas tem sempre promptas suas armas favoritas contra os que não apoiam suas doutrinas, os ditos picantes, apodos, sarcasmos, o despreso, as calumnias, e as injurias.

A Religião, que offerece aos homens os motivos mais efficazes, e mais solidos e tocan

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tes de tolerancia, e caridade mutua, he o Chris, tianismo. Esta santa Religião nos ensina, que os homens, quaesquer que sejam seo paiz, crenga, ou costumes, sao creaturas do mesmo Deos, filhos do mesmo páe, sahidos de uma mesma familia, resgatados todos pelo sangue de Jesus Christo, destinados todos á mesma herança, que este divino Salvador veio ao mundo annunciar a paz, e nao a guerra, não veio dividir os homens, mas reuni los, destruir o numero de separação, que os dividia, e dissipar suas inimisades em sua propria carne. (a) A Religiaō diz mais a um Christao, que a fortuna, que elle tem de professar a verdadeira Religião, he uma graça de Deos, e um favor, que lhe naō era devido; que este beneficio longe de authorisa-lo para aborrecer, ou despresar os que o não receberam, lhe impoem pelo contrario a obrigaçao de compadecer-se de sua sorte, orar por elles, e implorar em seo favor a mesma misericordia de Deos, pela qual elle foi prevenido; que esta be a vontade de Deos, e de Jesus Christo Salvador, e Mediador de todos os homens. (b) Em Jesus Christo acha o Christão

(a) Ipse enim est pax nostra, qui fecit utraque unum, et medium parietem materiae solvens, inimicitias in carne sua &c. ad Ephes. c. 2. v. 14.

(b) Obsecro igitur primum omnium fieri obsecrationes, orationes, postulationes, gratiarum actiones pro omnibus ho

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• perfeito modelo da tolerancia, e caridade uni-. versal: reprime, e reprehende o falso zelo dos seos Discipulos, quando quizeram que desces-` se fogo do Céo sobre os incredulos de Samaria; na parabola do Samaritano reprova a antipathia dos. Judeos com o mesmo povo: ordena a seos Apostolos que levem o Evangelho até o extremo da terra, que instruam e baptizem a todas as naçoens, para attestar que ninguemera exceptuado do fructo da redempção. A Religião emfim nos manda ser mansos e humildes, affavcis e pacientes, e condemna o zêlo indiscreto, e acre: S. Thiago nos declara, que zelo amargoso nao vem de Deos, mas das pai-: xoens, e do diabo: o zélo, que Dees inspira he pudico, pacifico, modesto, condescendente, cheio de misericordia, e de bons fructos. (c) 0. Christianismo he de facto no sentido politico a Religião mais tolerante do universo. Dizem, não obstante, os incredulos, que o Christianismo he. a unica religiao, que armou os homens, uns

minibus. &c. S. Paul. 1. ad Thimoth. c. 2. v. 1. &c. (c) Quod si zelum amarum habetis, et contentennes sint in cordibus vestris: nolite gloriare, et mendaces esse adversus veritatem. Non est enim ista sapientia desursum descendens; sed terrena, animalis, diabolica. . .

Quae autem desursum est sapientia, primum quidem pudica est, deinde pacifica, modesta, suadibilis &c. S. Jacob. Episth. Cathol c. 3. v. 14. &c.

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contra os outros, e que tem feito derramar el-» le só mais sangue que todas as outras religiões juntamente: he mais uma calumnia; com que se pertende fazer odiosa a Religiao Christãa. 1.0 quase todos os povos conhecidos tiveram guerras de religiao: um rei de Babylonia mandou derribar as estatuas, e idolos do Egypto: outro exterminou todos os Deozes das nações. elabrasou seos templos: (Ezech. c. 30. v: 12. Judith, c. 3. v. 33 &c.) Cambyses, e Dario-" Ocho fizeram o mesmo no Egypto: os Persas obrarami igualmente na Grecia, e os Gregos deixaram subsistir as ruinas de seos templos pa ra excitarem seos descendentes o resentimento e o odio contra os Persas: Alexandre Magno, bem lembrado disto, destruio também ao depois todos os templos do fogo na Persia, e perseguio os Magos. Zoroastro á testa de um exercito, correo a Persia, e a India, e derramou torrentés de sangue para estabelecer sua religião, e inspirou a seos sectarios seo fanatismo sanguinario. Chorroes, rei da Persia, jurou de perseguir os Romanos até os obrigar a renunciar a Religiao Christaa, e adorar o Sol. A guerra sagrada entre os Gregos Pagãos durou dez annos completos, e causou todas as desordens das guerras civís. Os Romanos perseguiram, e destruiram o Druidismo nas Gaulas; empregaram o ferro, e o fogo para abolir, o

Christianismo; os reis da Persia estiveram a ponto de despovoar suas provincias pelo mesmo motivo. Tacito conta que dous povos d'Alemanha tiveram entre sí uma cruel guerra por motivos de religiao: as irrupçoens destes povos nas Gaulas tinham um motive religioso; julgavam-se obrigados a isso para expiar seos crimes as emigraçoens dos antigos. Gaulos eram uma instituiçaō religiosa, e as faziam com as armas na mao: os Tartaros ten, ainda hoje este mesmo espirito. Os Mahometanos correram a Asia, e Africa com a espada n'uma maō, e o Alcerao na outra; o fanatismo religioso, e ambigao motivou o excesso de carnagem, e devastagaó, que obraram. Os incredulos, diz Mr. Bergier, compararam ja por ventura o sangue derramado no espaço de quinze, ou desoito seculos com o de que pertendem fazer responsavel o Christianismo? Nao; elles nada tem lido, nada tem examinado, nada tem comparado: imaginam que somos ainda mais ignorantes que elles.,, 2. Nao será possivel mostrar na historia uma só expediçao militar emprehendida pelas naçoens Christaas para fundar o Christianismo sobre as ruinas de outra qualquer religiaō. 3. As Cruzadas se armaram para -enfraquecer a potencia Mahometana, que ameaçava a prompta invasão de toda a Europa, e livrar os povos Christaos da Palestina das veixa

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