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Escriptura, como a rasao nao comprehende mysterios, ver se ha obrigada a regeita los todis; mas formando estes a base, e corpo da Revelação no que respeita ao dogma, e á moral, que nelle se estriba, que he o que fica de Revelação? nada: só resta o culto, que á rasno deixada a sí mesma póde inventar, ou o Deismo mas o Deista, que não crê em mysterios não deve conseguintemente erêr em Déos, rem nos espiritos, e he Atheo, e Materialista : se neste estado reflecte, que tem regeitado a authoridade mais bem fundada, e a evidencia moral mais decidida negando os milagres, e factos, em que basêa o christianismo, não à achando maior em facto algum da historia, cáe no Pyrrhonismo historico: e se adverte nas codtradicgoens, e absurdos, em que o precipitaram seos principios, cáe no Pyrrhonismo dogmatico. Prouvera a Deos, que nao fossem tão frequentes nestes nossos dias os exemplos desta cadêa fatal de descaminhos! Aquelles, que nao tem naō litteratura, engolem avidamente a impiedade, mais pela corrupção de sua vida, do que pela convicção dos principios, que adoptou; e ao mesmo tempo que recusam a authoridade da Igreja, e de tantos homens conspicuos em todo o genero de sabedoria no decurso de 18 seculos, seguem, sem critica os dictos de meia duzia de falladores sem sciencia, litteratos su

perficiaes, ou as maximas impostoras de livrinhos sem peso, e tragam erros, cujas conscquencias a ignorancia, corrupção, ou estupidez thes não deixa suspeitar, e se não chegam á ultima degradação do espirito, he porque não sabem pensar. He por outro lado admiravel que homens, que tanto capricham de Ppilosophos, cégos pelo amor da novidade, e outras paixões, não vejam a inconsequencia de seos raciocinios no que despresam, e no que admittem, e nao tendo animo para sordir do abysmo vergonhoso de contradicgoens, e absurdos, e duvidas, em que por desvario de sua rasão voluntarios cahiram, taxem de fracos, e estupidos aquelles, que melhor considerados trilham seguros, e bem fundados o caminho da rasão, e da verdade! Mas, tornemos ao nosso ponto: quando de um principio so seguem legitimamente consequencias absurdas, he evidente, que o principio he absurdo logo, se desviando nos do caminho, que nos traça a Religião Christaa, e da verdade, que ella nos ensina, somos em boa Logica conduzidos ao precipicio de erros sobre erros, he certo que esse desvio he erro. Nada prova, melhor a ligação das verdades, que compoem o systema da Religião Christaa, e Catholica, do que a enfiada de erros, em que cahein necessariamente todos aquelles, que se desviam do principio sobre o qual he fundada esta Religião divina.

CAPITULO 13.

Da Tolerancia, e Intolerancia em materia de Religião

60. Tendo até aqui demonstrado a verdade da Religião. Christia, e sendo um dos maiores escandalos da incredulidade isso, a que ella chama intolerancia do Christianismo, não he fóra do proposito acclarar este ponto, e fazer vêr aos nossos leitores a sem rasão, com que se calumnia esta Santa Religiao. Antes porém que resolvamos alguma cousa sobre a materia deste capitulo, convém fixar a noção destas palavras Tolerancia, e Intolerancia, que tanto ruido tem feito no mundo, ha mais de um seculo: e que tem dado occasiao ás mais violentas invectivas. A palavra Tolerancia exprime a idea de condescendencia, ou indulgencia para com alguem. Esta póde ser politica, ou religiosa. A Tolerancia politica, ou civil consiste na permissão, que um Governo concede aos sectarios de uma religiao differenta da dominante no paiz, do exercicio della, de fazer suas assembléas particulares, e de ter Pastores para os governar, regulamentos de policia e disciplina sem incorrer pena alguma assim na França a Religiao dominante he a Catholica

tos,

Romana, sao porém permittidos todos os cule a lei he igual para todos: nos Paizes Baixos o Calvinismo he a religião dominante, • e a maior parte da povoaçao he Catholica, &c. A Tolerancia Ecclesiastica, Religiosa, ou Theologica consiste na profissao, que faz uma seita de crêr, que os membros de outra seita podem salvar se sem renunciar sua crença, que podem seguramente fraternisar-se com elles, e admitti-los ás mesmas praticas de religiao. Os Calvinistas tem offerecido mais de uma vez a tolerancia theologica aos Lutheranos, mas cstes naō a tem aceitado: uns, e outros a tem sempre recusado aos. Socinianos, com quem jamais quizeram entrar em communhao. Alguns Protestantes moderados concordam em que os Catholicos se podem salvar em sua Religiaō, outros sustentam o contrario. Os Catholicos cremos, que fóra do gremio da Igreja nao póde haver salvaçaō; mas não pertendemos por isso sustentar, que nao haja um bom numero de homens nascidos na heresia, que em rasão de suas poueas luzes estão n'ama ignorancia invencivel, e so desculpaveis diante de Deos, e podem salvar-se; e como diz Mr. Nicole (traité de l'unité de l'Eglzie l. 2. c. 3.) Todos aquelles, que no tem partecipado por sua vontade, e com conhecimento de causa no scisma, e heresia, são parte da verdadeira Igreja,, e S. Agos

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tinho (l. 4 de Bapt. contra Donat. c 1. n. 1.) diz: A Igreja de Jesus Christo pelo poder de seo Esposo póde ter, filhos de suas servas,.. se elles não são soberbos, e arrogantes, teraō parte na herança, mas se se tornam orgulhosus, ficaraō de fóra,„,

Tambem se costuma chamar Tolerancia geralmente a caridade fraternal, e humanidade, que deve reinar, entre todos os homens, especialmente entre os Christãos de qualquer nação ninguem póde duvidar que esta tolerancia he o mesmo espirito do Christianismo nao ha reli, giaō no mundo, que mande tão rigorosamente a paz, a paciencia mutua, a caridade fraterna, Jesus Christo com as palavras, e com o exemplo, a pregou aos Judeos a respeito dos Samaritanos, e a respeito dos Gentios: os-Apostolos repetiram as mesmas licoens; e os primeiros Christãos as seguiram fielmente. Mas daqui naš se segue que os Chefes das Sociedades, Ecclesiasticos, ou Seculares devam tolerar, que qualquer a seo gosto perturbe a paz, e tranquilli-» dade dos povos, ou corrompa sua moral com> pretexto de religiaö. Os Principes, e seos lu-s gar tenentes saö obrigados por direito natural a manter a ordem, a tranquillidade, e subordinagão entre os subditos, e reprimir conseguinte, mente, e castigar aquelles, que debaixo de qualquer pretexto es corrompem c descaminham. O

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