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,, de uma populaça desenfreáda, que se persuade por suas desordens exercitar sua liberdade,,? Polit. natur. tom. 2. disc. 7. §. 41. &c.

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Outro discorreo da mesma sorte." Na De,,mocracia, diz, o povo, que não raciocina, ,, e não distingue a liberdade da licencia, se vê immediatamente espedaçado por facçoena; inconsiderado, inconstante, e fogôzo em suas paixoens, arriscado a arriscado a accessos de enthusi, asmo, se torna o instrumento da ambição de qualquer orador, que delle se assenhorêa, e se faz dahi a pouco o seo tyranno. .'. Desta sorte a Democracia victima das ca,, bálas, da licencia, e da anarchia não pro,, move o bem e felicidade dos concidadãos, e ,, os obriga a viver mais inquietos de sua sor,,te, do que os subditos de um despota, où de um tyranno.,, System. social 2. parte c. 2. p. 24. &.c.

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Outro Escriptor não concebeo uma idéa mais vantajosa da pertendida liberdade dos Gregos, e dos Romanos no governo republicano: he do parecer de que ha mais liberdade popular hoje, ainda mesmo nas Monarchias, do que havia nas antigas republicas. De la felicité publi que, t. 2. c. 4. David Flumi tinha ja feito esta observação, e o Author, que indagou a origem do despotismo oriental, parece tê-la ado

ptado. A' vista disto não sei porque motivo se declama tanto hoje contra as Monarchias, que apezar de tambem poderem ser tyrannias, todavia eu quero antes um tyranno, do que um ou muitos milhões delles. Todo o Governo, qualquer que seja sua fórma, tem sempre o grande e inevitavel defeito de ser administrado por homens, e deve ser tão sugeito á corrupção, como os mesmos homens, e ainda por mais este motivo me admiro de tanto se maldizer das Monarchias, por isso mesmo que em muitos homens ha muitas paixões, e n'um só homem haverá menos; em muitos homens ha demais a mais paixões violentas, e encontradas, que são a causa de caprichos, injustigas, discordias, guerras civís, e ultima ruina das nações. Os nossos modernos panegyristas dos Governos populares, ou sejam Constituições, ou Republicas, não fazem mais que substituir qui pro quo, em lugar de um tyranno muitos, em lugar de um desgoverne outro, em lugar de um defeito outro, e de uma desgraça muitas. Ha 50 annos temos destas verdades exemplos superabundantes na Europa, e na America. Deixando de parte outras muitas reflexões, que podiamos fazer a este respeito, como todo, e qualquer Governo póde ser tyrannia, e quanto mais popular elle he, mais proximo está a cahir neste horrivel vicio, como nos mostra a experiencia de to

dos os séculos, e a mesma rasão, pois he mais facil achar um homem virtuoso, do que muitos, e mais facil he corrigir um, do que muitos com a mesma authoridade; digo que Alfieri, e os seos apaixonados debalde se cançam em buscar remedio ás tyrannias dos Governos na mudança do Governo, deviam busca lo, e o achariam infallivelmente em fazer os Governos mais Christão, e mais Catholicos: tão longe está a Religião Christãa, e mais ainda a Catholica de ser incompativel com a legitima liberdade dos povos, que he a unica Religião do Universo, que mais a favorece, por isso mesmo que he a unica, que pela santidade de sua moral, e efficacia dos meios, que emprega para sustenta-la póde conter em seos justos limi tes a authoridade dos Governos: e passo a demonstra lo.

O viver livre não consiste em poder fazer • que cada um quer, mas o que deve querer: pois se o viver livre fosse obrar cada um segundo seo querer, sem respeito ás leis naturaes, divinas e humanas, a palavra liberdade estaria em contradicção completa com a palavra sociedade: logo a idéa da liberdade politica de uma naçao suppoem a sugeiçao ás leis, a obediencia ao Governo, e os outros deveres do homem para com Deos, para comsigo, e para com os outros homens. Um Governo justo nao he ty

ranno, e um povo governado com justiga he, um povo, livre.....

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Os privilegios, fores, e isenções, que as. lcis fundamentaes podem conceder á massa da naçao, isto he, o gráo de sua legitima liberdade deve ser relativo ao caracter de cada nagaō, á medida de sua intelligencia, e sabedoria, e da virtude a que tem subido, ou da corrupção em que tem cahido. Um povo leviano frivolo, inconstante, prevertido pelo, luxo e por um gosto desordenado pelo prazer, que, naỏ tem moral, nem patriotismo, póderá ser, capaz de uma, grande, liberdade ?

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A Escriptura sagrada, tanto do Velho, como do Novo Testamento nos, faz, vêr que, todos, os homens sao irmãos, descendentes do mesmo; pác, e destinados todos a gosar dos beneficios: do Creador. (Gen. c. 1. v. 28. c. 19 v. 7. Math. c. 23. v. 8. &c.) Como os homens differem entre sí no engenho, e talento, na industria endes ligencia, nas qualidades moraes e sociaes, e phisicas, claro, está que nao sao iguaes no me rito, e no premio, que lhe he devido, mas}:00=> mo irmãos segue se que devem ser igunes pes ranie a lei. Igualmente nos ensina que todò ơ. poder humano vem de Deos (Rom c. 15. v.1),s logo os Soberanos, ou quaesquer outros Go-i vernadores dos povos não são proprietarios do peder, mas sim depositarios: os povos, nač fo

ram feitos para elles, mas elles só receberam a authoridade para bem dos povos. Decs naë dispensou os Reis da lei geral, que ordena a todo o homem que faça aos outros o que quer que lhe façam (Math. c. 7. v. 12.); manda-lhes pelo contrario ter sempre diante dos olhos a sua lei, esta lei eterna justa e santa, que nao admitte aceitação de pessoas, e que igualmente attende ao direito de todos (Denter. c. 13. v. 16. &c.): tambem lhes adverte que, quando julgam, nao exercitam seo proprio juiso, mas o de Deos, e que elle será o juiz delles mesmos, e que abusando do seo poder os castigará mais severamente que os particulares (Sabed. c. 6. v. 2. 3. 9. §.c.). Se a estas grandes lições ajun; tarmos todas as virtudes, que Deos manda aos Soberanes, ou Regedores das nações, a justiça, a sabedoria, a dogura, a moderaçao, a clemencia, a constancia, e a firmeza, a piedade, a continencia, e applicaçao aos negocios, a prudencia na escolha dos Ministros, o cuidado de consolar os pobres, e de proteger os fracos, de renunciar a todas as conquistas injustas, evitar a guerra, que pretexto poderá achar um Rei na Religião Catholica para opprimir os povos, e roubar-lhes o gráo de liberdade, que Deos lhes ha deixado, e que he necessario a sua felicidade, para estabelecer o despotisme sobre a ruina das leis que systema de Religião poderá

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