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politica, e sciencias, mas nas artes e agricultura. Não ha paiz no mundo, onde estes dous ramos da industria humana tenhaō sido levados ao gráo de perfeiçao, que se observa na Europa Christan. Note-se o estado florecente da agricultura dos Christãos Maronitas, como attesta Mr. Volnei, e compare se com o dos povos Mahometanos da mesma região, e concluiremos com este sabio viajante a grande differença, que obra a Religião nos costumes, condição, e destino dos povos. Os joges barbaros do amphiteatro Romano accabaram, logo que se estabeleceo o Christianismo, e foram ex-tinctos por toda a parte os sacrificios de victimas humanas: os povos selvagens, e os mesmos antropophagos, apenas illustrados por esta Santa Religiao despiram sua fereza, e largando uma vida errante, e ociosa, deram principio á agricultura nos respectivos paizes, e se dedicáram ás Artes. Tal foi o agente da civilização dos Godos, e outros barbaros do Norte, dos Nomades da Africa, dos Selvagens do Novo mundo. Que Philozopho aprezenta a antiguidade Pagan, que seja capaz de hombrear com qualquer dos Philozophos nascidos no seio do Christianismo, desde o primeiro seculo da Igreja até hoje? A Philozophia andou sempre tacteando nas trevas da ignorancia e da incerteza, em quanto a não illustrou o Christianis

mo: cultivada na Chaldea, Arabia, Persia, India, no Malabar, na Mauritania, na Bretanha, Gallia, Alemanha, na Thracia, Scythia, Phænicia, Grecia, e Italia, no espago de 40 seculos não sabio das mantilhas, não produzio mais que systemas absurdos em Theologia, e Phisica, uma Moral imperfeita, mal baseada e sem meios: alguns dos Philosophos, que mais se distinguirão na Moral e Politica, devêram seos conhecimentos aos livros de Moizes: o Philosopho Numenio, como attesta Clemente Alexandrino, o dizia abertamente fallande de Platão Quid est Plato, nise Moyses atticissans? as maximas de moral, que Mr. Volnei attribue a Fô, Philosopho China, são evidentemente tiradas de nosso Evangelho, e introduzidas nos livros daquelle Philosopho. Temos razão para crer que o Christianismo ali foi levado por S. Thomé, ou por S. Bartholomeo, ou algum discipulo destes Apostolos: Arnobio, que vivia no quarto seculo, diz, que a Religião Christan tinha sido estabelecida nas Indias, e entre os Séres ou Chineses, &c.; he verdade que por falta de Missionarios, ou por outros motivos parece não ter subsistido muito tempo neste paiz: sabe se que no seculo 7. os. Hereges Nestorianos ahi foram tambem estabelecer Christianismo, posto que corrupto por seos erros: este facto he provado não só pelo teste

munho de muitos escriptores Orientaes, mas por um monumento, que foi desenterrado em 1625 na cidade de Sigan-fu, capital de uma Provincia da China. Os conhecimentos, que não poderam, nem ainda rastear no espaço de quatro mil annos os ingenhos de todo o mundo, alcançáram em 18 seculos os ingenhos Europeos illustrados pelo claro sol da Revelação Christan. Em todos os paizes infieis a Philosophia permaneceo no mesmo abysmo de absurdos, incertezas, e ignorancia: tão adiantados estão hoje na Politica, e na Moral, como ha mil annos os Chinas ainda hoje necessitão dos Astronomos Europeos: um Portuguez he o Presidente do seo Tribunal de Mathematica. O Ma-" hometismo com 12 seculos de existencia, oecupando muitos paizes, onde outr'ora floreceo o Christianismo, e grandes ingenhos, na Europa, Asia, e Africa, e a quem só na Asia alguns Geographos dão 70:000,000 de sectarios, o Budhaismo, ou Foismo, cujos sectarios fazem subir a 295:000,000, o Brahamismo com 80:000,000, ainda não aprezentárão no decurso de tantos seculos um progresso sensivel em qualquer ramo de sciencias, ainda não appareceo entre elles um Philosopho. de nome, que fosse capaz não digo de illustrar a Europa, mas nem ainda de rivalizar com Gassendi, Torricelli, Gravesands, des Cartes, Musskembroek, Ma

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lebranche, Loke, Newton &c. &c. &c. he pois claro que esta notavel differença nas sciencias, e Artes, que se observa entre os paizes Christãos e Infieis, procede evidentemente da Religião. Com effeito tendo a Religião Christan illustrado o homem ácerca de Deos, e da Moral, tranquillisando-o sobre estes dous objectos pela evidencia de suas provas; havendo-nos feito conhecer da mesma sorte a natureza do nosso ser, nossa origem, e nosso fim ultimo, e a differença essencial, que ha entre o homem e o bruto; seguro nestes principios o Philosopho regeitou sem mais averiguação todos os systemas absurdos inventados por seos predecessores sobre a natureza do primeiro Sêr, origem do mundo, officios para com Deos, para com nosco, e para con nossos semelhantes, ou se considerem de per si, ou reunidos em sociedade desembaraçado assim das incertezas, e duvidas, de que estava anuviado em coizas de tanta monta, sente abrir-se aos olhos de seo intendimento o vasto campo da creação, e a natureza dos sêres, que povoão o universo, seos fins, e relaçoens, e usos começaram a chamar ao estudo sua attenção, e ingenho. O universo apresentou desde logo aos olhos do indagador mui diverso aspecto: ja não era um montão de sêres casualmente unidos, e que pela mesma casualidade se podião desmantelar: o

homem não era uma victima da fatalidade, sugeito a um destino inexoravel mas sim um ser livre a marcha dos corpos celestes, e o movimento da materia estava ligado a leis constantes, e invariaveis, fixadas pela vontade do Creador; o homem podia descançar na exactidio, e certeza dos phenomenos, que ellas produzião. Não era um sêr malfazejo, que presidia aos males do universo, mas um mesmo sêr bom e beneficentissimo providenciava tudo. Estas verdades derivadas immediatamente da dontrina simplicissima do Christianismo

que um menino aprende da boca de seo Pai, ou de seo Parrocho, e que acredita firmado na autoridade de Deos, sem necessidade de raciocinio, ao mesino tempo que derribavão de um golpe scguro theorias, filhas da phantasia, e ignorancia dos Philosophos dos primeiros 40 seculos do mundo, fixáram o espirito do Philosopho Christão, e lhe serviram, como de ponto de apoio, para remontar aos mais vastos, e solidos conhecimentos da natureza creada.

Ajunte se a estas luzes a reforma na Moral, e nos costumes: a sensualidade, e voluptuosidade oppoem-se diametralmente ao trabalho, que exige a sabedoria: o homem verdadeiramente douto no pode ser sensual: são bem sabidos os meios efficazes, que emprega a Religiao Christan para desviar os homens do

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