indubitavelmente, que todos os Apostolos foram martyrizados: S. João Evangelista não expirou nos tormentos, mas foi necessario um milagre para o conservar illeso. Tacito (Annal. 1. 15. .c. 44.) conta quë "Nero fez morrer com supplicios exquisitos ,, homens... chamados Christãos. Sua supersti ,, ção, diz, ja d'antes abafada, rebentava de ,, novo. Punião primeiro os que confessavam ser ,, Christãos, e por sua confissão se descobrio ,, uma grande multidão, que foram menos convencidos de ter incendiado Roma, que de ser , aborrecido do genero humano. Daqui se vê que já no tempo de Claudio, antecessor de Nero, os Christãos tinhio sido perseguidos, e bannidos por um edicto em Roma, o que não obstante se multiplicavão cada dia prodigiosamente. Nero governou 14 annos, he indubitavel que um imperador tão desordenado, e. cruel sacrificaria um sem numero de victimas ao seo faror; Tacito não somente diz, que os Christãos eram perseguidos em Roma, porém claramente dá a intender, que os maltratavam por toda a parte, pois os caracteriza, como classe detestada pelo genero humano: acrescenta que era multidão ingente, (ingens multitudo ). No segundo seculo a carta ja mencionada de Plinio á Trajano mostra evidentemente o grande numero de Christãos martyrizados na Bythinia em tempo deste imperador, que, apezar da proposta de Plinio, mandou, que se continuassem a punir, os que fossem accusados, e convencidos de professar esta Religião; e he bem sabido que esta carniceria tinha lugar em tode o imperio, e que por toda a parte os Christãos eram denunciados, e na prezença dos juizes confessavão francamente a Jesus Christo. Sabe-se que os Christãos de Smyrna se exeitavaō mutuamente ao martyrio, a exemplo de seo Bispo S. Polycarpo, e elle mesmo lhes tinha dado estas ligoens, o que não seria necessario, se somente houvesse sido mortos pela fé alguns poucos Christãos, e não corressem e mesmo risco todos os outros. A Chronica dos Samaritanos conta que Adriano, successor de Trajano, fez morrer no Egypte um grande numero de Christãos. Celso, que eserevia, imperando Marco Aurelio, nos diz, que a perseguição durava ainda no imperio deste. Um Chronologista Judeo o confirma, e falla da mesma sorte do imperio de Commodo. A perseguição e carnagem dos Christãos continuou no imperio dos Antoninos, como se vê das queixas, que por esse respeito dirigum aos imperadores os nossos Apologistas Justino, e Athenagoras: este se exprime desta sorte: Nós vos supplicamos, que nao permitais, que impostores nos tirem a vida. Depois de nos 99 terem despojado de nossos bens', aos quaes de boa vontade renunciamos, querem ainda mal,, tratar os nossos corpos, e dar-nos a morte ,, &c.,, (Legatio pro Christianis n. 1.) Desde o anno 193 até 249 jamais deixárão de ser perseguidos os Christãos em todo imperio Romano, qualquer que fosse o caracter dos imperantes. No imperio de Severo contãose desenove mil e sete centos Christaōs, que padecerao martyrio na Cidade de Leao com S. Irenêó sco Bispo. No imperio de Maximiano, cujo edicto contra os Christaos atraz citámos escreveo Origenes a sua exhortação ao martys rio, que nao teria lugar, se a Igreja estivesse. em paz, ou só se incommodasse um, ou outro Christaö, e nao corresse perigo de exterminio todo o corpo dos Fieis. A perseguiçao de Decio em 249 foi cruelissima; Eusebio ( Hist. Eccl. 1. 6. c. 39. &c.) traga a sua historia sobre o depoimento de testemunhas oculares: conta, que grande parte dos Christãos do Egypto fugiram para a Arabia, outros buscáram salvar se nos desertos, e ahi morreram de miseria; muitos foram condemnados á morte pelos juizes, e um grande numero foram espedaçados pelos Pagãos furiosos, &c., e semelhantemente aconteceo nas outras provincias do imperio: nenhum dos edictos de Decio contra os Christãos foi revogado pelos sees successores. No fim deste seculo, e principio do quarto Diocleciano decretou a perseguição mais feroz, e sanguinosa de todas: durou dez annos a carniceria sem interrupção, e por todo o imperio. Este Princepe vacillou muito antes de tomar esta resolucao, porque temia, como elle mesmo disse, perturbar o universo, e derramar sangue inutilmente, visto que os Christãos morriam com alegria. Cedeo enfim aos desejos de Maximiano, seo. Collega no imperio, e promulgou tres edictos consecutivos: no primeiro mandou destruir todas as igrejas, investigar os livros Christãos, e queima-los, privar os mesmos Christãos de todas as suas dignidades, e escra visar o commum dos Fieis: no segundo determinou a prizaō de todos os Ecclesiasticos, e que fossem por todas as maneiras obrigados a sacrificar: no terceiro emfim ordenou, que todo o Christão, que recusasse idolatrar, fosse atormentado com os mais crueis supplicios até ceder, ou morrer. Por este tempo foram suppliciados, e mortos pela fé os seis mil seiscentos e sessenta e seis Soldados da Legião Thebea, por ordem de Maximiano. Eusebio, e Lactancio fazem menção de uma cidade da Phrygia, toda Christan, que foi assolada a ferro, e fogo, sem escapar um só de seos habitantes. Papebrok no Acta Sanctorum conta deseseis mail martyres Abyssinios, е uma multidaé inumeravel nos outros paizes do mundo! & Tão convencidos estavam estes dous impo radores do excesso de carnagem, que tinhão feito executar sobre o povo Christão, que em suas inscripgoens, e medalhas se gloriavão de ter exterminado o Christianismo, nomine Christiano deleto, Superstitione Christi ubique deleta. No ano 361 o Imperador Juliano Apos tata, esforçando-se a restabelecer a idolatria, nio sú vexou os Christãos, mas fez morrer um grande número, deixando desabafar livremente contra elles o odio, e furor dos Pagãos: estes montárão sua raiva até o ponto de trincar as entranhas de muitos Christãos. Na cidade de Gaza chegaram a rasgar o ventre dos Sacerdotes e Virgens, misturar cevada com suas entranhas, e fazê-las devorar pelos porcos. Juliano chegou a punir os Governadores, que se oppunhão a esta barbaridade. (Memor, da Academ. das Inscripg. t. 70 em 12, p. 266. &c.) Perto do fim do 4. seculo, e principio do 5., Sapôr, rei da Persia fez morrer pela fé de Jesus Christo duzentos mil Christãos, 00mo conta Sozomeno; e deseseis mil destes erao conhecidos. Esta carniceria continuous nos reinados de Jezdedgerd, e Berham, que resolveram acabar com o nome Christão em · seos Estados. : No fim do seculo 16., e no 17, a Re |