Obrazy na stronie
PDF
ePub

do raizes vigorozas nos coraçoens dos Pagãos: a antiguidade, o costume dos antepassados, o esplendor do imperio Romano, o exemplo de quasi todo o orbe tinha, para assim dizer, consagrado esta abominaçao. Era a voz de todos, tendo á sua testa o Sophista Libanio, que se devia conservar a crença de tantos seculos, ,, e seguir exemplo de seos pais, que tinha@ felizmente imitado o de seos avoz.,,

[ocr errors]
[ocr errors]

Alem disto a idolatria era uma religiaō grata ao paladar corrupto da humanidade viciosa. A Religiao Christan nao podia conseguintemente tirar partido algum da disposição dos povos, encontrava aliaz por toda a parte obstaculos invenciveis.

Mas os Judeos e Pagaös aborreciaō-se, e desprezavao se mutuamente, a Religiaö Christan fraternizava estes povos convertidos, formando delles um só rebanho, e uma só Igreja ensinava a olhar os escravos quasi como irmãos, ensinava os Princepes a respeitar os direitos da humanidade. Era necessario reformar todas as leis, e usos, que offendiaò estes direitos sagrados, mudar as idéas, os costumes, 08 habitos, as pertengoens de todos os estados, refundir, para assim dizer, o caracter de todos es povos. He facil de conceber se como todas as Naçoens de diversos climas, e linguas; Egypeios, Arabes, Persas, Scythas, Gregos e Rø

[ocr errors]

manos, Hespanhoes e Africanos, ou vivessem entre os gelos do Norte, ou debaixo da Zona torrida, ou nos climas temperados da Europa, e Asia, barbaros ou cultos tenhaō sido idolatras; porque todos estes povos adoravao Deozes proprios, cada um tinha sua mythologia, ritos e praticas religiozas accomodadas a see genio, e analogas a seos costumes; mas he difficil de conceber como povos tao apartados e de tao diversas condiçoens poderam tão rapidamento abraçar o Christianismo, Religião, que lhes não deixava liberdade para a crença, a todos prescrevia uma mesma moral, um mesmo dogma, um mesmo Deos, e uma mesma forma de culto externo, e reunia todos n'uma só Igreja, e os sugeitava á obediencia de um só Pastor, o Bispo de Roma. Celso no principio do segundo seculo olhava como loucura o projecto de dar uma crença, e as mesmas leis aos povos das tres partes do mundo então conhecido; esta empreza porém foi bem depressa realizada pelo Christianismo.

He pois evidente que a rapida propagação desta Religião não he devida, nem á protecção dos Imperadores, e Magistrados, que pelo contrario a perseguirão barbaramente, nem á natureza de sua doutrina, nem á condição de seos Pregadores, nem á disposição dos povos, a quem foi annunciada, ou a outro algum genero de

B

e

adjutorio humano: logo foi propagada pela assistencia, e pelo poder divino. Ou a Religião Christan se estendeo pela força dos milagres, ou não no primeiro caso he a verdadeira Religião (29. 30. 31.); no segundo concluimos que a sua propagação nas circumstancias expostas foi um effeito verdadeiramente sobrenatural, contrario ás leis da natureza moral, um assombroso milagre, e assim fica igualmente firmada sua verdade.

[blocks in formation]

53. Martyr he palavra Grega, e significa em Portuguez testemunha. Esta palavra designa um homem, que tem sofrido supplicios, ou a morte para testeficar a verdade da Religiao, que professa. Da-se porém este nome por excellencia áquelle, que sacrificou sua vida por attestar a verdade dos factos, que são a base do Christianismo.

Quando nosso Divino Salvador encarregou

és A postolos de pregar o Evangelho, disse thes: accipietis virtutem supervenientis Spiritus Sancti in vos, et eritis mihi teste in Jerusalem, et in omni Judaea, et Samaria, et usque ad altimum terrae: " recebereis a virtude do Es

[ocr errors]
[ocr errors]
[ocr errors]

pirito Santo, que virá sobre vós, e sereis testemunhas de minha doutrina, e divindade, ,, e milagres, que obrei para confirma-la, em ,, toda a Judéia, e Samaria, e até os confins da terra. (Act. c. 1. v. S.). Ja d'antes os tinha advertido de que "serião aborrecidos por ,, todas as naçoens, atribulados, e mortos pelo seo nome: tunc tradent vos in tribulationem, et occidente vos: et eritis odio omnibus gentibus propter nomen meum: (S. Math. c. 24. v. 9.) e n'outra occasião Jhes tinha dito: "Nao temais de quem só pode tirar a vida do corpo, mas não pode matar a alma: temei antes daquelle, que pode perder o cor,, po, e alma.... todo aquelle, que me confes,, sar perante os homens, eu o confessarei diante de meo Pai: e o que me negar na pre,, zença dos homens, eu o negarei na prezen,, ça de meo Pai. (S. Math. c. 10. v. 28. 32. &c.)

[ocr errors]
[ocr errors]

Daqui concluio Tertulliano, que a fé Christan era uma obrigação para o martyrio- fidem Martyrii debitricem.

Com effeito o sangue Christão foi derrama

do profusamente em todo o mundo, especialmente nos tres primeiros seculos, e principios do quarto, de sorte, que, não he possivel fixar o numero das victimas da verdade desta Santa Religião desde o seo estabelecimento até o nosso seculo. Podemos fazer alguma idéa aproximada do numero dos Martyres dos cinco primeiros seculos pelos testemunhos, que nos provam a prodigiosa multiplicação dos Christãos, a crueldade furiosa dos perseguidores, a duração, e generalidade das perseguiçoens. Sabemos peios Actos dos Apostolos, ou pelos escriptos dos mais antigos Padres, que S. Pedro, S. Paulo, S. Thiago maior, e S. Thiago menor, S. Estevão, e S. Simeão foram martyrizados no primeiro seculo. S. Clemente Romano depois de ter fallado da morte de S. Pedro, e S. Paulo, diz: "Estes homens divinos fo,, ram seguidos por uma multidão de escolhidos, que sofreram os ultrages, e os tormentos pra nos dar exemplo.,, (Epist. 1. n. 6.) S. Polycarpo na sua carta aos Philipenses lhes propoem o exemplo dos Santos Ignacio, Zozimo, e Rufo, de S. Paulo, de S. Paulo, e dos outros Apostolos, os quaes" todos, diz, estão no

[ocr errors]
[ocr errors]

Senhor, com o qual padecerão:,, Clemente Alexandrino (Strom. 1. 4. c. 5.) affirma que os Apostolos morreram, como Jesus Christo, pelas Igrejas, que fundáram. Donde concluimos

« PoprzedniaDalej »