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e pelo peccado; (Rom. c. 5. v. 12) nella vemos tambem (Eccli. c. 17. v. 6) que Deos se dignou dar a nossos primeiros páes toda a sorte de conhecimentos, creando nelles a sciencia do espirito, enchendo seo coraçao de senso, e fazendo-lhes vêr os bens, e os males: daqui se segue, que o estado do primeiro homem, antes do seo peccado, era um estado mui feliz, ainda que sua felicidade não fosse completa, pois que podia perder por sua desobediencia a justiça, em que tinha sido creado, e todos os dons, que lhe estavam ligados. Uma felicidade mais perfeita devia ser o fructo de sua perseverança livre no bem: não sabemos quanto seria preciso, que esta durasse, para que Adão fosse confirmado na Justiça, e não podesse jamais perde-la. Se Adão tivesse perseverado, seos filhos teriam tido em seo nascimento a justiça original, em que elle havia sido creado, porém cada um dos seos descendentes, sujeito a leis semelhantemente, ficaria tambem exposto ao perigo de as violar, e de perder, como Adão, todos os privilegios da innocencia (S. Agost. e Estio L. 2. Sentent. Dist. 20 §. 5.0).

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Em todos os estados possiveis pede a ordem, que a felicidade perfeita não seja um dom: puramente gratuito do Creador, mas uma recompensa reservada a obediencia do homem, e á virtude nenhum argumento dos Incredulos;

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diz Mr. Bergier, póde provar o contrario; a previdencia de Deos sobre a desobediencia de Adão, em nada devia derrogar esta ordem eterna, infinitamente justa, e sábia; pois se a summa felicidade fosse dada gratuitamente, que estimulo restaria ao homem para a virtude? Uma tal graça seria por ventura conforme á sabedoria do Legislador Supremo ?

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Posto isto se vê claramente, que o castigo imposto a Adão, no caso de sua desobediencia, nada tinha de excessivo, ou injusto, por isso que somente o privava dos dons com que a bondade divina se dignára orna-lo, a saber, a immortalidade, a isenção das dôres, e trabalhos a amisade do mesmo Deos, e a santidade, e innocencia, em que tinha sido creado. O homem depois do peccado ficou tal, qual devia ser deixado a si mesmo, e sem os favores e gracas, com que gratuitamente o mimoseára o Creador: as miserias desta vida, a concupiscencia mesmo são uma consequencia de nossa natureza; a isengaō da morte, a sujeiçao inteira da carne ao espirito, era uma graça, que Deos não devia a nossos primeiros pais.

Ainda que pareça leve em si a culpa de Adão, não deixa de ser grave por suas circunstancias a facilidade da obediencia, diz Santo Agostinho, he precisamente o que aggrava a culpa de Adão. Os seos descendentes herdaram

para assim dizer, sua natureza: já este Patriar cha tinha sido esbulhado de todos os dons, privilegios, com que o dotára a Bondade do Creador, e havia perdido a immortalidade por sua desobediencia: transmittio-nos pela geraçaõ sua, natureza pura; isto he, tal, qual era em si, despida de todos os dons, e graças, com que gratuitamente a adornou o Creador.

Nesta doutrina do peccado original a Religiao Christan não ensina, que Deos castigára positivamente os Filhos de Adão pelo peccado de seo Pai, mas simplesmente, que tendo despido Adão, em consequencia de sua desobediencia, de todas as graças, que lhe doára gratuitamente, elle ficára sujeito á morte, aos sofrimentos e dôres, á rebeliąō de suas paixoens e privado para sempre da felicidade completa, para que o destinára nos designios de sua bondade infinita, e que lhe não era devida, se não a merecesse por sua perseverança; e seos filhos conseguintemente nao tinham direito algum a dons, de que seo pai por sua culpa fôra privado, e que nunca foram devidos á sua natureza. Não há pois, neste mysterio cousa alguma, que se opponha á razão claramente, seja na lei, e na sua sancção, seja na transmissão desta culpa, e peną.

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A promessa de um Libertador, ou Messias, que houvesse de expiar este crime; e sua di

vindade, he mais um rasgo de sabedoria, justiga, e bondade do Creador. Sem o dogma fundamental da Redempção, o dogma do peccado original podia inspirar-nos temôr, pezares, dôr, e talvez desesperaçao; mas não excitará em nós, nem reconhecimento, nem confiança, nem amor de Deos, sentimentos, nos quaes consiste a Religiaō.

A Divindade de Jesus Christo nada encerra de contradictorio: pois não ha cousa mais ordinaria nas fabulas da antiguidade, que a apparição dos Deoses em figura humana.

A Religião Christan nos ensina, que o Filho de Deos se fez homem pela união da natureza humana com a natureza divina na segunda pessoa da Trindade: nada vemos nesta união, que se opponha aos attributos divinos, e nada ha, que involva contradicção, ou impossibilidade intrinseca. Esta união he verdadeiramente inefavel.

Este dogma basêa sobre o da Trindade: debaixo desta palavra entende a Religião Christan, que a unidade de Deos he fecunda; que a natureza divina, sem deixar de ser uma, se communica pelo Pai ao Filho, e pelo Pai e Filho ao Espirito Santo, sem alguma divisão, ou di. minuição de seos attributos, ou de suas perfeigões de sorte, que a palavra Trindade significa a unidade de tres pessoas divinas, quanto

á natureza, e sua distincção real, em quanto á personalidade. Confessarnos, que este mysterio he incomprehensivel, porém a razaö naō encontra nelle contradicgaō clara. Se concebemos a natureza, e pessoa divina, como se concebe uma natureza, e pessoa humana, concluiremos bem, que uma só natureza numerica em tres pesssas distinctas he uma contradicgao: porém raciocinamos muito mal, quando comparamos a natureza divina com a natureza creada, e quando pensamos exprimir exactamente as relaçoens da natureza divina pelo vocabulo pessoa, cuja noçaō he derivada do conhecimento das cousas creadas. He verdade, que tres pessoas humanas são tres homens, mas tres pessoas divinas nao saō tres Deoses: a comparaçao entre uma natureza infinita, e uma natureza limitada he evidentemente desproporcionada, e he temeridade e absurdo querer avaliar completamente as perfeiçoens, e attributos da Divindade pelas idéas, que te mos dos attributos, e perfeições creadas. Santo Agostinho, diz assim (L. 5. c. 9. de Trinitate) "Dizemos uma essencia, e tres pessoas, como muitos Autores Latinos mui respeitaveis se ,, tem expressado, nao achando maneira mais propria para enunciar por palavras, o que elles entendem sem fallar....; a lingoagem hu,,mana he mui esteril

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Os Sacramentos; isto he, certos signaes

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