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vos adoramos ahi no seio supremamente sacrosanto do Unico Deos do Universo! O' Terceira Pessoa da Santissima Trindade, que toda a creatura responsavel existente na infinidade dos Espaços, reconhecendo em vós o unico principio de sua personalidade e ao mesmo tempo o precursor necessario da Salvação, prosterne-se em adoração conscienciosa ouvindo o vosso Nome ineffavelmente augusto!

Vimos, que no amago do pensamento do Organisador Universal, desde que Este, permitta-se-nos a expressão, se constituio tal, deve ter existido necessariamente o principio de Longanimidade ou Tolerancia; que este, sendo concebido por amor da Justiça ou da Misericordia, deve, entretanto, operar de alguma sorte antes desta. Ora, a marcha desse pensamento supremo do Ser dos Seres é, por assim dizer, o modelo, que vemos reproduzir-se em suas obras.

Assim o estado actual de nossa vida, que é o dominio por excellencia da longanimidade Divina, deve ser o prenuncio infallivel da vida futura, onde será o imperio completo da Justiça.

Assim as operações da Tolerancia em relação ás da Misericordia Divina podem ser comparadas ao baptismo de João em relação ao de Christo. Aquelle, em relação a Christo, sendo um acto de pura tolerancia, como veremos, é em relação a nós como a confusão do peccador, é o arrependimento, a penitencia, essa mortificação passageira, porém, indispensavel para predispôr nossos corações a receberem com proveito o baptismo

do Christo, isto é, o perdão, a paz, o uso normal legitimo e o mais benefico de nossas faculdades, em summa a Misericordia fecunda do Christo de Deos.

Em uma palavra, a Tolerancia Divina se manifesta sempre a mesma: como no seio do Altissimo o principio della antes dos tempos brota para estabelecer o throno da Misericordia e da Justiça Distributiva; assim sobre a terra elle opéra, como do Precursor de Christo dizem os Prophetas: a semelhança dessas revoluções irresistiveis, que deitão por terra os thronos, d'onde imperão os elementos da desordem, afim de que a paz do Senhor, a verdade estenda seu dominio glorioso sobre todos os povos!

§ 2.°

A tolerancia considerada em sua pratica.

Lupus et agnus pascentur simul, leo et bos comedent paleas, et serpenti pulvis panis ejus: non nocebunt neque occident in omni monte sancto meo, dicit Dominus. (Isaias LXV—25.)

Non nocebunt, et non occident in universo monte sancto meo; quia repleta est terra scientia Domini, sicut aquæ maris operientes. (Isaias XI—9.)

Tendo nos encarado a tolerancia em seu principio, passamos agora a tratar de sua patrica. Esperamos que todos convencer-se-hão de que de longa data a Igreja Catholica tem consagrado effectivamente o dogma da

tolerancia religiosa. São bem terminantes, illustres e numerosos os factos que tal depõem. Vejamo-los.

Foi em virtude de tolerancia ou longanimidade, que desenvolveu-se o nucleo do povo sagrado no Egypto pagão.

Foi tolerando o embrutecimento dos Hebreus, que Moyses libertou o povo escolhido e levou-o á terra da promissão. (Exodo XXXIII-3 e 5; Marcos X-5.)

Foi a tolerancia para com os Chananeos o que distinguio Ephraim de todos os outros Patriarchas. (Josué cap. XVI-10).

Foi tolerancia a constituição do povo sagrado em Reino. (Reis, Liv. 1.o, cap. VIII e cap. XII.)

Foi primeiro tolerando os desregramentos de Saul que Samuel estabeleceu a dynastia, d'onde, segundo as Escripturas, procedeu o Christo de Deos. (Reis, Liv. 1.o cap. XV-30 e 31 e cap. XVI.)

O que foi de algum modo senão tolerancia o parecer dado a Roboão pelos antigos conselheiros do sabio Salomão, quando Israel queixoso estava prestes a rebellar-se? E, cousa digna de reparo, o desprezo de semelhante conselho foi a causa occasional do schisma celebre do povo sagrado! (Reis, Liv. 3.o, cap. XII6, 7, 8, 13, 15, 16 e 19.)

Foi tolerancia o que Semeias, segundo as ordens do SENHOR, aconselhou a Roboão, que usasse para com Israel dissidente. (Reis, Liv. 3°, cap. XII - vers. 22, 23, 24.)

Foi pelo emprego momentaneo da tolerancia, que o propheta Elias, o Thesbita, chegou elle só a confundir a todos os poderosos sacrificadores de Baal em presença até de todo Israel, desvairado por elles proprios! (Reis, Liv. 3.o, cap. XVIII-de 21 até 39.)

O baptismo de Christo por João o que foi senão pura e simplesmente um acto de tolerancia? De certo, se o Christo de Deos, não tendo necessidade de lavar-se nas aguas purificadoras do peccado para submetter-se ao baptismo da penitencia, o fez, não revelar-nos-ha claramente nisto um acto solemne de tolerancia, dessa verdadeira precursora de sua manifestação ostensiva, como temos mostrado mais acima? E para mais confirmar tudo, eis que paira sobre o Christo nesse baptismo a personificação do PRINCIPIO AUGUSTO da tolerancia Divina!.... Por mais densas que sejão as trévas, que têm envolvido esse mysterio transcendente, vemo-las extinctas por tanta luz que se derrama ahi!.......

Prosigamos. Foi tolerando certas praticas judaicas, que os Apostolos começárão a desenvolver a mais brilhante das phases da Lei, como facilmente se vê nos Actos dos Apostolos, cap. XXI, v. 17 a 24, e sobretudo no versiculo 26, em que lê-se: - Tunc Paulus, assumptis viris, postera die purificatus cum illis intravit in templum, annuntians expletionem dierum purificationis, donec offerretur pro unoquoque eorum oblatio.

Este outro facto não é menos significativo:- Hunc voluit Paulus secum proficisci : et assumens circumcidit eum propter Judæos qui erant in illis locis. Sciebant

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enim omnes quòd pater ejus erat gentilis. (Actos XVI-3.)

É sem a menor duvida a tolerancia religiosa, o que S. Paulo empregava em seu ministerio fecundo, como elle proprio dizia :- Et factus sum Judæis tanquam Judæus, ut Judæos lucrarer.

Iis qui sub lege sunt, quasi sub lege essem (cum ipse non essem sub lege), ut eos, qui sub lege erant, lucrifacerem; iis qui sine lege erant tanquam sine lege essem (cum sine lege Dei non essem; sed in lege essem Christi), ut lucrifacerem eos, qui sine lege erant.

Factus sum infirmis infirmus ut infirmos lucrifacerem. Omnibus omnia factus sum, ut omnes facerem salvos. (1. Epistola aos Corinthios IX-20, 21, 22).

Emfim, são realmente conselhos de tolerancia religiosa os que S. Paulo dava nestes termos:- Is, qui manducat, non manducantem non spernat; et qui non manducat, manducantem non judicet: Deus enim illum assumpsit. Tu quis es, qui judicas alienum servum? Domino suo stat aut cadit. Stabit autem, potens est enim Deus statuere illum. (Epistola aos Romanos XIV—3, 4.)

Debemus autem nos firmiores, imbecillitates infirmorum sustinere, et non nobis placere. Unusquisque vestrum proximo suo placeat in bonum ad ædificationem. Etenim Christus non sibi placuit; sed sicut scriptum est: Improperia improperantium tibi ceciderunt super me. (Epistola aos Romanos XV—1, 2, 3.)

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