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LIVRO I

BISPADOS DE CEUTA, TANGER, SAFIM E MARROCOS

LIVRO I

BISPADOS DE CEUTA, TANGER, SAFIM E MARROCOS

CAPITULO I

BISPADO DE CEUTA

Posição geographica - Povos que a dominaram- É conquistada pelos Portuguezes Sua incorporação no dominio hespanhol - Creação do bispado em 1417 por Martinho V - Area da diocese ---Accrescem-lhe as administrações de Valença do Minho e de Olivença por bulla de Eugenio IV, confirmada por duas de Nicolaų V - Xisto IV tira-lhe Olivença e reune-a a Braga - É incorporada de novo em Ceuta em 1512, e annexada Valença a Braga por contrato entre o bispo D. fr. Henrique e o arcebispo primaz D. Diogo de Sousa, confirmado por Leão X — Creada a diocese de Elvas, reune-lhe Gregorio XIII em 1570 o territorio de Olivença, e fica Ceuta reduzida á terra de Africa - Pensão imposta a seu favor no bispado do Algarve - Immediata á sé apostolica com o titulo de primaz de Africa — Declarada suffraganea de Evora em 1540, e de Lisboa em 1571-Sé de Ceuta-Sua ruina-Transferida para a igreja de Santa Maria de Africa - Sua reconstrucção pelos Hespanhoes -Cabido — Igreja de Santa Maria Conventos de S. Thiago e de S. Jorge - Recolhimento de trinitarias e igreja da Misericordia — Constituições synodaes promulgadas por D. Jayme de Lencastre Archivos.

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Situada na boca do estreito de Gibraltar, na antiga demarcação do reino de Fez, ao nordeste de Tanger, foi Ceuta sempre considerada posição de muita commodidade para a passagem de Hespanha, e de grande importancia militar1, Cabeça de toda a Mauritania Tingitana, região da Africa citerior, na dominação romana, Septa passou a poder dos Vandalos e Godos;

'Sobre a origem e vicissitudes de Ceuta, investigação historica que nos levaria mais longe do que permitte a natureza especial d'este trabalho, remettemos o leitor para Soares da Silva, Memorias para a historia de D. João I, tomo ш, pag. 1464 e seg.; Sousa, Historia de S. Domingos, liv. п, cap. xx; e fr. Jeronymo de S. José, Historia chronologica da Santissima Trindade, tomo I, pag. 350 e seg., etc.

recuperada por Justiniano, que tanto a ennobreceu, voltou ao d'aquelles, até que a traição do conde Julião a entregou aos Arabes, que a conservaram até ao dia 21 de agosto de 1415, em que D. João I fez tremular nas suas muralhas a bandeira portugueza. Incorporada nos dominios portuguezes, Ceuta, especie de escola militar em que a mocidade ía aprender a guerrear com os infieis, e onde tambem Luiz de Camões fez a sua aprendizagem de soldado, ainda hoje seria nossa, se não fora a usurpação hespanhola; apesar da restauração de D. João IV, esta possessão, então governada por D. Francisco' de Almeida, não chegou a reconhecer o legitimos oberano, e na paz de 1658 foi definitivamente cedida á Hespanha pelo artigo 2.o do tratado de 17 de fevereiro, celebrado entre D. Affonso VI e Carlos II1. Reduzida agora a um simples presidio militar, de tanta celebridade só lhe resta o nome.

A importancia que então se ligava a essa posição, e a necessidade de mais facilmente prover ao espiritual de seus habitantes e dominadores, fez conceber a D. João I, dois annos depois da conquista, o desejo de erigir Ceuta em bispado. Martinho V, que então presidia á Igreja de Christo e estava em Constança, commetteu pela bulla Romanus Pontifex, de 4 de abril de 1417, ao arcebispo de Braga, D. Fernando de Guerra, e ao de Lisboa, D. Diogo Alvares de Brito, a averiguação dos motivos apresentados, dando-lhes faculdade para, no caso de reconhecida a sua exactidão, elevarem á categoria de diocese 2

'Ericeira, Portugal reslaurado, tomo 1, pag. 133. — Veja-se o tratado na Collecção de tratados, convenções, contratos e aclos publicos celebrados entre a coroa de Portugal e as mais potencias desde 1640 até ao presente, pelo sr. J. F. B. de Castro, tomo 1, Lisboa 1856, pag. 357; e a pag. 410 o acto do promulgação das pazes, de 2 de março do mesmo anno.

'D. Thomás da Encarnação, Historia Ecclesiae Lusitanae, tomo I, pag. 33; Figueiredo, Lusitania sacra, tomo 1; archivo nacional, maço 11 de bullas, n.o 13.-Vide documento n.o 1.

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